O inverno lá fora era amargo e rigoroso, o ar cheio de flocos de neve gigantes esvoaçantes, o céu escurecendo lentamente. Era o último dia do ano e todos se preparavam para as festividades da virada do ano.
Bem, quase todos. Uma garotinha com poucos restos de roupas e sem sapatos caminhava tristemente pelas ruas. Ela havia saído de casa de chinelos, mas eram de sua mãe e ainda eram grandes demais para os pezinhos da menina.
Enquanto ela corria pela neve recém-caída, seus pés, já encharcados depois de dar alguns passos, foram afundando no pó branco e os chinelos foram escorregando e escorregando até que, um a um, ela perdeu os dois. Ela sabia que sua mãe ficaria zangada com ela.
A garota não parou e continuou descalça na neve fria. Seus pés congelados estavam lentamente mudando de vermelho para azul e todo o seu corpo estava entorpecido de frio. Ela estremeceu e balançou, caminhando para a frente através do vento frio que soprava redemoinhos de neve ao seu redor.
Ela carregava cuidadosamente um enorme maço de fósforos em um bolso da saia larga e segurava uma caixa de fósforos cheia em uma das mãos. Ela costumava vender fósforos na cidade todos os dias, mas hoje ela estava sem sorte. Ninguém havia comprado um único fósforo dela. Nem mesmo o vizinho gentil do beco próximo.
Faminta, com frio e desesperada, ela continuou vagando pelas ruas da cidade iluminada, esperando encontrar alguém que comprasse pelo menos um único fósforo. Apenas um faria toda a diferença.
A neve era cada vez mais pesada e os flocos de neve grossos pousavam no cabelo longo trançado da pequena menina, mas ela nem percebeu que já estava toda coberta de neve brilhante. Ela passou por janelas lindamente decoradas, brilhando com todas as cores.…